segunda-feira, 31 de março de 2008

Sofia era o tipo de garota sonhadora que só queria ir embora de casa e viver uma outra vida, em um outro mundo, no seu universo. Constantemente, tinha sonhos estranhos onde grandes monstros coloridos a arrastavam contra a saída de casa ou sentia alguém tentando a sufocar ou a prender. Às vezes acordava gritando, às vezes nem conseguia falar, mas pelo menos sabia que era apenas um sonho. Sua cidade? Se é que aquilo pode ser chamado de cidade, ela morava em um pequeno município do Vale. Seu pai era um homem ignorante de meia idade; e a sua mãe havia morrido quando ela, Sofia, tinha apenas 10 anos de idade. Porém, depois de já sete anos passados, a falta de sua mãe, de seus conselhos ou somente sua presença ainda eram evidentes em sua vida. Talvez se sua mãe não tivesse ido cedo demais as coisas seriam diferentes e ela respirasse tranquila e tivesse uma vida normal de uma garota de ensino médio. Dançar? Seu pai achava vulgar. Namorar? Homens eram cruéis. Sair? só se fosse a tarde. Infelizmente sua vida se resumia em escola, nada de garotos, e uma coisa fundamental: arranjar um modo de escapar de lá. Certa noite brigou com seu pai, ela estava desesperada, novamente teve seus malditos sonhos, só que quem via o rosto dele, seu pai, e suas mãos a segurando, tentando a impedir de respirar e viver. Acordou no meio da noite, juntou suas coisas e foi embora para São Paulo. Seu futuro? Talvez tenha virado uma prostituta como as milhares que vão para lá, talvez tenha sido excessão. Mas pelo menos ela tentou, pelo menos.

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