quarta-feira, 9 de abril de 2008

Suas mãos nervosas estavam sobre a mesa do restaurante e seus dedos faziam um movimento contínuo de inquietação e espera. A quanto tempo estava ali? Ela não fazia nem idéia; já estava com raiva e com lágrimas nos olhos. Roberto havia dito que chegaria às sete horas, disse que ligaria, mas não ligou, assim como também não foi ao encontro. Clara não entendia essa história de falar que vai e não ir e também de deixar alguém esperando, não importa o tempo, fazer alguém esperar era coisa muita feia, e não ir era pior ainda; ainda mais quando se coloca lingeries pretas e um vestidinho básico que fica muito sexy, isso sim era imperdoável. 'Qual o problema dos homens?' ela pensava, e quando não encontra respostas começa a achar que o problema era com ela, seria o beijo? A conversa? Ela era feia? E se fazia mil perguntas naquele restaurante, procurando um buraco no chão para se esconder e não parecer a fracassada que levou um bolo do carinha que conheceu no bar mais badalado da cidade, o que já era de se imaginar, vindo de um homem. A partir desse dia começou a fingir que odiava todos eles e a mentir pra tantos homens quantos fosse possível.
Infelizmente ou não, um dia conheceu um tal de Henrique, e este apaixonou-se por ela, e se apaixonou de verdade. 'E agora?' Clara pensava 'O que fazer com essas malditas flores e declarações?'Estava aflita - na verdade era um novo sentimento que surgiu quando percebeu que também gostava dele- e fingia que não. Jogava as flores fora e não retornava as ligações. Que menina estranha, por que não fazer o que se quer quando tem tudo pra dar certo? Henrique não só bagunçou o seu coração como a sua cabeça, ficava sempre a sua porta, ligando no seu celular e ficava também no seu pensamento, ela não esquecia aquele primeiro beijo no canto da boca e as suas mãos em torno da sua cintura, e por isso sentia medo, medo por que era bom. Pegou as flores e jogou fora, decidiu por tê-lo apenas na memória, como um sonho, algo impossível, um mito, uma quimera.
Esse é o problema de magoar uma mulher, depois, ela sente medo.

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