quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tentava amenizar a falta; se sentia frustrada com o momento, e pedia "por favor, Deus, isso não", mas era inevitável, pura realidade; e isso que incomoda, a realidade, a vida e a morte.
Os primeiros dias foram feitos fumaça, e uma fumaça bem escura; comia pouco, dormia quando conseguia e chorava, chorava; "dor mais não existe", pensava inconsolada
Vazio. É assim que se difine? Tudo ficou vazio, e vez em quando se pegava viajando, olhando distânte e lembrando dos lisos cabelos claros, dos lindos olhos verdes e da risada mais pura. Ela era incrível, e deixou um vazio. Então era assim agora? De uma vida cheia de tudo, aliás, de uma vida só fica o vazio? E pra onde foram os abraços? os beijos? os segredos? as noites de conversa? os planos? Pra onde foi tudo isso? Teve a impressão de que tinha tudo sido jogado num fundo e enorme buraco, mas sempre esbarrava com alguma dessas coisas por aí, e lembrava, sonhava e voltava a chorar em tom de desespero. Era a verdade.
O cheiro de quarto de hotel foi sumindo com o tempo, suas coisas foram embora meio que rápido demais assim como ela, "os bons morrem cedo" diria Renato Russo, concordava plenamente, ela morreu cedo e tinha certeza de que era boa. Só restou o vazio, o nó na garganta e o rosto salgado e o mais importante, a lembrança que não morre.
Você faz tanta falta, querida.

Nenhum comentário: