quarta-feira, 18 de junho de 2008




Que sentido fazia tudo aquilo? Talvez nenhum; na verdade, era estranho até demais. Ontem mesmo andaram juntos de mãos dadas, caminharam pelo parque no final da tarde e tomaram sorvete ainda que o frio estivesse congelando e ainda caísse uma leve garoa, e de repente tudo ficava muito confuso: apenas um bilhete de adeus. Depois do forte abraço e o beijo que ficou na boca, na pele, no cabelo durante toda a noite junto com Letícia ele largou um bilhete logo pela manhã a sua porta e teve a maior cara-de-pau de ainda tocar a campainha às seis horas da manhã! E o pior, pra simplesmente acabar com tantos sonhos e planos com as palavras mais mórbidas e roucas: 'não dá mais, adeus.' Letícia estava confusa, olhava para o lado esperando ele aparecer com o seu buquê de rosas vermelhas e dizer que era tudo uma brincadeira e que estava tudo bem. Só que as horas passaram, a chuva voltou e começou a engrossar a cada segundo, era desesperador para quem visse a cena, no caso, somente eu a vejo. E nenhum carro virava a esquina,então, ela ia para dentro de casa e voltava, as vezes com uma xícara de café, ou com o celular, como se alguém fosse aparecer ou ligar, estava inquieta; mas no fundo ela sabia que ninguém apareceria, pois continuava com o seu horrível pijama cinza de frio. Enxugou as lágrimas, tomou seu café amargo e frio e encostada na parede releu seu bilhete inúmeras vezes, tentando encontrar alguma pista, desvendar algum enigma, tentar achar uma dica que remete-se ao sentido de tudo, que ela já sabia: ele simplesmente fora embora. O pior é que parecia que ela já esperava por isso, sem saber como; e chorava não por dor, mas por obrigação, por consideração.

E um belo dia você acorda e percebe que as coisas estão fora do lugar (e você gosta).