quinta-feira, 22 de novembro de 2007

até onde o infinito for nada

A distância continuava sendo o motivo, ainda mais agora que ela iria aumentar alguns longos quilômetros, mas o importante é que aquela sensação de desejo acima de tudo crescia a cada metro, e a distância ainda tinha o mesmo significado: realização.
Luzia continuava na sua perfeita entropia, mundo de coisas perdidas, sonhos escondidos, e horários trocados: dormia as 3:00 acordava às 7:00, ; Henrique ainda tinha o controle de tudo: estudava, ia à academia e aos finais de semana tinha alguns de seus divertidos programas com seus amigos, quase tudo com horário exato. É engraçado imaginar a ordem e a desordem esperando para estarem juntas um dia.
Os telefonemas não eram como antes, ela já sentia suas pernas tremerem e seus olhos fecharem quando ouvia aquela voz do outro lado da linha, para ele acho que era normal, apenas brotava um sorriso bobo que ela imagina ser o mais lindo de todos, e quando ele a chamava de amor ela queria morrer por não ter feito a mesma coisa, aí ele fala isso mais de uma vez ela fica vermelha do outro lado da linha pois nunca acha as palavras certas, na verdade ela queria poder oferecer uma cerveja pelo telefone e conversar sobre qualquer coisa ridícula, quem sabe sobre o atlético paranaense, ridículo demais?
Pela internet as conversas eram quase sempre a mesma coisa, tirando as boas novidades da semana, sobrava sempre os planos e rotas traçadas.
É difícil falar de Luzia.
É difícil falar de Henrique.
Eles são passos em falso, e ela continua em seu quarto bagunçado com seus papéis rabiscados e música popular imaginando seu pequeno romance: Quando o Dia Chegar, enquanto ele se esforça e assisti seus filmes de terror.
Ele completa ela de uma forma inacreditável, inexplicavelmente ele completa ela e ela não sabe como gosta disso, ninguém sabe como entender isso.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Liberté


Carolina costumava sentar-se à beira da sacada de seu quarto e observar a tão desejava vida de liberdade que se passava na rua embaixo de seus miúdos olhos; ela olhava os casais de namorados, as moças desmoralizadas, os mendigos, os doutores em seus carros luxuosos e as crianças indo à escola, isso tudo quando ainda era cedo e todos ainda começavam os seus afazeres e aventuras de um dia normal cobiçado por Carolina. Ela era linda e meiga, aquele tipo de menina encantadora com seus dezessete anos transbordando a vida, porém, nela já estava impregnado o ócio e o medo, não do fazer e sim do arriscar, então lá pela tarde vestia o seu vestidinho branco e dançava em frente do espelho como nos bailes que ela desejava estar, depois corria pelo quarto e pela sacada e gritava choros escondidos e agora escancarados aos sete ventos, ela gritava canções de liberdade, de vontade, e da infâmia que era a sua vidinha medíocre e sem plano ou bem-maior, depois respirava e sentava-se esperando o sol de pôr e surgirem mais borboletas passando de flor em flor lembrando-a dos doces beijos e delírios de novelas que ela sonhava tanto, lembrando-a do único amor que ela tivera; quando anoitecia ela deitava de barriga para cima e pensava na borboleta e como seria voar para longe dali de flor em flor; e foi com esse pensamento e com o barulho lá fora que lhe dava desgosto que ela adormeceu. Acontece que no outro dia Carolina acordou, já como de costume foi até a sacada e então viu a borboleta, ela precisava muito sentir essa sensação de ser livre, pensou...pulou então de seis metros de altura com os braços abertos achando que o vento se encarregaria de leva-la dali e caiu imóvel no chão e daí para a sua tão desejava liberdade, e assim ela nunca mais gritou de dor.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Aberta para a noite

Ela gostava de sentar em sua janela quando o céu já estava escuro e principalmente quando ele se apresentava imenso e estrelado e deixar aquele breu repleto de imensos pontos reluzentes invadir o seu coração, e então ela imaginava; imagina quantas pessoas no mundo estavam morrendo, quantas estavam nascendo e quantas estavam ali como ela sentava em uma janela aberta para a noite imaginando qual mundo seria o seu. Até que ela suspirava de alívio:
- Sei bem que meu mundo vai muito mais além.
Então se levantava e ia até a cama mais próxima...sonhar.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

piorar as coisas é tão cruel quando não se sabe o retorno.

Já era tarde de domingo, o feriado tinha acabado, quando o telefone de Marcela tocou:
- Alô?
- Oi, Marecela?
- Oi
- É o George
- Como se eu não soubesse quem é, tudo bom?
- Olha Marcela, me perdoe, eu não pude te ligar lá da praia
...(silêncio)
- amor, é sério, não deu
- Está bem George, qual a desculpa dessa vez? Nem o celular você atendeu! Eu mandei e-mails também, qual o teu problema?
- amor, desculpa, não deu, meu celular não pegava e eu fiquei na casa de praia.
- Aha!Com suas primas né?!
- É Marcela, minhas primas estavam lá!
- Ai George, você nem me ligou, NADA!
- Eu já disse que não deu, Marcela, agora por favor pára.
- parar? por que?
- por que isso é chato, eu já disse que não deu, e agora eu tô aqui no telefone com você e você não tá nem aí, por que você torna tudo mais difícil?
- eu sou chata então?
- não, você não é chata, amor, isso é chato
- tudo bem então George sabe-tudo, se é chato por que me ligou?
- por que eu te amo.
E assim, ela sorriu do outro lado da linha, arrependida, ela sorriu.


Se não fizéssemos tudo da forma mais complicada veríamos como o simples nos torna mais completos.