quarta-feira, 23 de julho de 2008

Quando deitou de novo na grama, olhando para o céu, agora sozinha, conseguia espalhar as coisas: as frases, os abraços, os adeus, os olhares, toques e tudo mais, separá-las, e depois montar tudo, lado a lado, encaixando e procurando em algum lugar, um espaço e uma razão naquela grande história.
O céu cheio de estrelas e uma lua tímida ainda crescendo e querendo se mostrar traziam ainda mais força para o sentimento de saudade mas escondiam o seu sentimento de solidão, assim, sentia-se mais perto de novo, não como na última vez, e sim como nos tempos perturbadores e cheios de confusão em que as vozes se cruzavam com raiva e embora os beijos fossem intensos e os corações pulsassem no mesmo ritmo acelerado, as mentes se opunham.
No escuro e com a grama fazendo cócegas e começando a irritar seu corpo, seus olhos se mexiam em todas as direções, revendo as cenas, montando seu albúm particular, o filme de suas vidas; às vezes, ela ria sozinha e já em outro momento ficava completamente séria, depois vermelha de vergonha ou de raiva e até com uma cara de dúvida, pensando em qual seria o final da grande história, do seu filme particular.