sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Liberté


Carolina costumava sentar-se à beira da sacada de seu quarto e observar a tão desejava vida de liberdade que se passava na rua embaixo de seus miúdos olhos; ela olhava os casais de namorados, as moças desmoralizadas, os mendigos, os doutores em seus carros luxuosos e as crianças indo à escola, isso tudo quando ainda era cedo e todos ainda começavam os seus afazeres e aventuras de um dia normal cobiçado por Carolina. Ela era linda e meiga, aquele tipo de menina encantadora com seus dezessete anos transbordando a vida, porém, nela já estava impregnado o ócio e o medo, não do fazer e sim do arriscar, então lá pela tarde vestia o seu vestidinho branco e dançava em frente do espelho como nos bailes que ela desejava estar, depois corria pelo quarto e pela sacada e gritava choros escondidos e agora escancarados aos sete ventos, ela gritava canções de liberdade, de vontade, e da infâmia que era a sua vidinha medíocre e sem plano ou bem-maior, depois respirava e sentava-se esperando o sol de pôr e surgirem mais borboletas passando de flor em flor lembrando-a dos doces beijos e delírios de novelas que ela sonhava tanto, lembrando-a do único amor que ela tivera; quando anoitecia ela deitava de barriga para cima e pensava na borboleta e como seria voar para longe dali de flor em flor; e foi com esse pensamento e com o barulho lá fora que lhe dava desgosto que ela adormeceu. Acontece que no outro dia Carolina acordou, já como de costume foi até a sacada e então viu a borboleta, ela precisava muito sentir essa sensação de ser livre, pensou...pulou então de seis metros de altura com os braços abertos achando que o vento se encarregaria de leva-la dali e caiu imóvel no chão e daí para a sua tão desejava liberdade, e assim ela nunca mais gritou de dor.

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